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Público do MIMO prestigia noite de abertura em Olinda

18/11/2017

Por Deborah Dumar

Foto: Tiago Calazans

Desde o final da tarde da ensolarada sexta-feira, as ladeiras, igrejas e praças de Olinda foram tomadas pelos pernambucanos, que chegavam até o Centro Histórico da cidade-patrimônio para participar da abertura do MIMO Festival 2017.  Muitos vinham direto do trabalho, outros chegavam com a família ou grupos de amigos.

Espalhado pela Praça do Carmo, o Alto da Sé e outros pontos, o entusiasmado público se dividia entre os concertos nas seculares igrejas e nas praças, além das sessões de cinema do festival, que há 14 anos consecutivos se realiza na cidade, oferecendo programação inteiramente gratuita.

Com perfil inovador e conectado com os grandes festivais internacionais, o MIMO conquistou seu público fiel, ao longo desses anos, oferecendo concertos de consagrados e novos nomes da música, que vêm se destacando no panorama brasileiro e nas principais salas e palcos do mundo.

Na Sé, onde o filme “João, o maestro”, de Mauro Lima, era exibido no telão instalado no pátio da igreja, os espectadores do concerto do célebre violinista de jazz francês Didier Lockwood formavam fila uma hora antes.

No altar, a idealizadora e diretora-geral do MIMO, Lu Araújo, deu as boas-vindas às centenas de pessoas, que aguardavam no interior da catedral – e com grande expectativa – a abertura oficial do festival, destacando o carinho que tem pelo público da cidade, que acolhe o MIMO desde a sua criação, em 2004.

Ao concerto na majestosa igreja compareceram o prefeito de Olinda, Professor Lupércio, seu vice, Márcio Botelho, e o secretário de Cultura e Patrimônio, Gilberto Sobral.

Lembrando que nada acontece por acaso, Lu Araújo fez questão de agradecer ainda aos patrocinadores, apoiadores e parceiros, que investem em cultura e apoiam o MIMO ao longo desse tempo, permitindo que o evento crescesse e se transformasse em um dos maiores festivais de música do Brasil e que, há dois anos, marca presença no verão europeu (desde 2016, o MIMO é realizado nos mesmos moldes na charmosa cidade de Amarante, em Portugal).

Ela enumerou o Ministério da Cultura, Bradesco, Cielo, BNDES, Estácio, Hero, Bureau Export, Institut Français du Brésil e o Consulado da França. Antes de chamar Didier Lockwod para a sua apresentação, Lu Araújo convidou o público de Olinda para a grande festa de comemoração dos 15 anos do festival, que já está preparando.

O violinista francês, um dos músicos de maior prestígio no jazz em 40 anos de carreira, lotou a Catedral Metropolitana de São Salvador do Mundo, com seu tributo ao mestre Stéphane Grapelli (1908- 1997).

Foi aplaudido em cena aberta desde o início, quando, acompanhado pelo guitarrista Adrien Moignard e o baixista Diego Imbert, tocou o tema do filme “Les valseuses”, do diretor Bertrand Blier, a que se seguiu uma das composições mais populares de George Gershwin, “I got rhytm”.

 

Laura Perrudin

Laura Perrudin Foto: Tom Cabral

Um pouco mais cedo, pessoas de todas as idades se concentravam na porta do Convento de São Francisco para assegurar um lugar na Igreja de Nossa Senhora das Neves, que integra o belíssimo conjunto arquitetônico do século XVI (o convento é o primeiro estabelecimento franciscano no Brasil).

Revestida de azulejo português e com um rico trabalho de talha em madeira no teto, com pinturas do século XVIII, a igreja teve todos os bancos ocupados pela plateia. Quem não conseguiu lugar ficou por ali mesmo, na varanda, assistindo de pé, para não perder a oportunidade de assistir ao concerto.

A atração da noite era a harpista e cantora francesa Laura Perrudin, muito elogiada pela crítica europeia e que foi ovacionada dias antes pelo público carioca, no MIMO Rio, no Outeiro da Glória.

A artista de 27 anos dirigiu-se à plateia, pedindo desculpas por não falar português, comunicando-se em francês e inglês para anunciar as músicas selecionadas e falar brevemente sobre os dois álbuns que consagraram seu nome no cenário do jazz, “Impressions” (2015) e “Poisons & Antidotes” (2017).

A plateia vibrou com as nuances de sua música, que variava entre o jazz mais clássico e o hip hop. Uma adolescente não escondia seu entusiasmo com a descoberta e comentava com os amigos, à saída, que a instrumentista francesa era uma mistura sensacional de Bjork com Enya.

Enquanto o público lotava a Tenda da Ribeira para assistir ao documentário “Fevereiros”, de Marcio Debellian, sobre a cantora Maria Bethânia, uma plateia jovem, em sua maioria, se aglomerava na Praça do Carmo para aguardar o semba do angolano Paulo Flores e dançar ao som da cúmbia do coletivo colombiano Ondatrópica.

A maratona musical continua até o domingo. Confira toda a programação no site mimofestival.com

 


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