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MIMO homenageia os poetas surrealistas portugueses na Chuva de Poesia de 2016

28/10/2016

Por Deborah Dumar

Foto: Beto Figueiroa

Uma das atividades mais festejadas da programação do MIMO Festival é a Chuva de Poesia, que aproxima o público da produção literária, cobrindo o céu das cidades históricas com poemas que “voam” das torres das igrejas em tiras de papéis coloridos.

O projeto é do poeta, editor e artista plástico mineiro Guilherme Mansur, que lançou o evento em Ouro Preto há mais de 20 anos, e foi abraçado pelo MIMO, com enorme sucesso, a partir da edição de 2013. Jovens, crianças, famílias inteiras disputam, no ar, os papéis repletos de textos da mais alta qualidade.

A primeira vez que o festival realizou o evento, rendeu homenagem ao baiano Gregório de Matos (1636-1696), através de seus sonetos, nas cidades de Ouro Preto (MG), Paraty (RJ) e Olinda (PE). Considerado o maior poeta do barroco brasileiro, o escritor também ficou conhecido como “Boca do Inferno”, por sua mordacidade. Ele não poupava o governo, a falsa nobreza e nem o clero. Não lhe escaparam os padres corruptos, os reinóis e degredados, os mulatos e emboabas, os caramurus, os arrivistas e os novos ricos que exploravam a colônia. Sua obra compreende poesia lírica, sacra, satírica e erótica.

Em 2014, foi a vez de o público de o MIMO Festival tomar um banho da poesia de Paulo Leminski (1944- 1995), um dos mais expressivos e influentes nomes de sua geração, dono de uma extensa obra, poeta – muito admirado por seus hai kais, vencedor do Prêmio Jabuti, com “Metamorfose”, e compositor que fez parcerias com Caetano Veloso, Itamar Assumpção, José Miguel Wisnik, Moraes Moreira e Pepeu Gomes. Teve sua obra relançada recentemente em dois volumes, a antologia “Toda poesia” e “Vida”, que bateram recordes de venda e permanecem nas vitrines das principais livrarias brasileiras.

Na edição seguinte, quando o MIMO desembarcou no Rio de Janeiro – para se integrar às comemorações dos 450 anos da Cidade Maravilhosa – o festival abriu ainda mais o leque da poesia. Primeiro, celebrou o 80º aniversário do poeta, ensaísta e tradutor pernambucano Sebastião Uchoa Leite (1935 /2003), autor de versos curtos e irônicos, que estreou em 1960 com Dez sonetos sem matériae fez parte do grupo que organizou a revista “José”. Entre poemas e ensaios, publicou 12 livros. Ganhou o Jabuti, em 1980, com “Antilogia”, e outras vezes, como tradutor, por “Crônicas italianas”, de Stendhal (1998) e “Poesia”, de François Villon. E, em comemoração aos 55 anos do Museu da República, o público foi brindado com poemas de Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Cecília Meireles, Murilo Mendes e Oswald de Andrade.

Tendo realizado a primeira edição internacional do MIMO em julho passado, na charmosa cidade de Amarante, no Norte de Portugal, e lá feito a Chuva de Poesia, o festival volta com uma novidade ao Brasil. Com curadoria de Guilherme Mansur e Carlos Bartilotti, sócio em Portugal da diretora-geral do MIMO Festival, Lu Araújo, a seleção de poemas vai abordar este ano o movimento poético surrealista em Portugal (1948 a 1953) e os autores que os influenciaram.

O nome central é o do poeta Mário Cesariny, falecido há dez anos, em 26 de novembro de 2006. O outro poeta português surrealista, guru do movimento e grande amigo de Cesariny, foi António Maria Lisboa, que morreu tuberculoso em 1953, com apenas 25 anos de idade – o que levou à dissolução do grupo “Os Surrealistas” e que publicou apenas um livro de poemas chamado “Ossoptico”, que o MIMO apresenta na totalidade, com seus 13 poemas, explica Bartilotti, profundo conhecedor do assunto.

“Além deles, estão os poetas que os influenciaram, como Mario de Sá-Carneiro, importantíssima figura do modernismo português, da revista ‘Orpheu’ (junto a Fernando Pessoa) e que se suicidou em Paris, em 1916, aos 25 anos. Quisemos assim também lembrar o centenário da sua morte. E, por último, o poeta Teixeira de Pascoaes, poeta de Amarante, cidade que recebeu o MIMO, grande influência dos surrealistas portugueses e do qual afirmou Mário Cesariny, no seu jeito bem provocador, que “Teixeira de Pascoaes era um poeta bem mais importante do que Fernando Pessoa”.

Em sua 13ª edição, a Chuva de Poesia foi programada para as cidades históricas de Paraty (16/10, às 12h, Igreja de Nossa Senhora do Rosário), Rio de Janeiro (13/11, às 17h30, Igreja do Outeiro da Glória) e Olinda (20/11, às 18h, Igreja da Sé).

 

 

 

 

 

 


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