MIMO realiza edição histórica em 2016
por Raphael Bandeira
Após a bem-sucedida estreia na Europa, em Amarante (Portugal), e incursionar pelas belas cidades mineiras, Ouro Preto e Tiradentes, o MIMO estendeu sua programação a Paraty, realizou-se no Rio de Janeiro e marcou sua volta à Olinda, cidade origem do festival. Reunindo os maiores nomes da música contemporânea mundial, com um leque de atrações em mais de 100 atividades gratuitas, o MIMO foi recebido de braços abertos pelo público, que lotou as ocupações espalhadas pelas cidades, superando todas as expectativas dos organizadores.
Alguns dos destaques da 13ª edição foram os shows da diva colombiana e rainha da cúmbia, Totó La Momposina, que no auge dos seus 75 anos levou ao público vitalidade, unindo o som dos tambores à potência de sua voz. Pat Thomas trouxe a musicalidade do Gana em percussões e metais, com a sua célebre “Kwashibu Area Band”.
Nem a chuva torrencial do domingo (13), no Rio de Janeiro, parou o público. A Praça Paris recebeu a turnê “Atento aos sinais” de Ney Matogrosso, que encerrou a temporada carioca em um grande espetáculo de luz e som, para mais de 5 mil vozes que entoaram os clássicos “Poema” (Cazuza / Frejat), “Ex-amor” (Martinho da Vila) e a regravação de “Freguês da meia-noite” (Criolo).
Além do palco principal, o MIMO inaugurou uma segunda plataforma de concertos: o palco “Se Ligaê”, patrocinado pelo Bradesco e montado sobre o lago da Praça Paris, no Rio de Janeiro, e o pátio do Mosteiro de São Bento em Olinda.
Os raros encontros musicais apresentados no novo palco, como os de Simone Mazzer & Alice Caymmi, Jards Macalé & Otto, Léo Gandelman & Paula Lima, João Bosco & Hamilton de Holanda, Guinga, Leila Pinheiro & Monica Salmaso, Chico César & Miguel Araújo, abrilhantaram o festival em números inéditos e alguns exclusivos, como o de Zeca Baleiro, que apresentou um concerto intimista com o seu violoncelo e piano.
O bom filho à casa volta
Um brinde especial ao público de Olinda, que recebeu com muito entusiasmo mais uma edição do MIMO, transformando a última cidade de 2016 em cenário de uma das mais bem-sucedidas passagens do festival.
O centro histórico, banhado pelo litoral recifense, foi ocupado pela rica programação, com grandes concertos e apresentações exclusivas na Praça do Carmo, Mosteiro de São Bento e Igrejas seculares, como a Catedral da Sé, erguida em 1537.
Olinda recebeu shows exclusivos do grupo multicultural Violons Barbares, reconhecido como a mais nova sensação dos festivais europeus e o grupo londrino, que reúne alguns dos músicos mais progressistas do novo cenário do jazz, Sons Of Kemet.
Mário Lúcio encerrou com chave de ouro a temporada, fazendo um concerto exclusivo na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, com o repertório que homenageou o dia da Consciência Negra. O grupo Maracatu Nação Pernambuco uniu-se ao artista cabo-verdiano e à cantora brasileira Aline Paes, e juntos, emocionaram o público com “O canto das Três Raças”, canção eternizada por Clara Nunes.
O Festival MIMO de Cinema exibiu filmes inéditos no circuito comercial e que têm a música como protagonista. No Rio de Janeiro, os curtas e longas foram exibidos no Cine Odeon e em Olinda, a tradicional Tenda do Mercado da Ribeira foi cenário de mais de 15 títulos, de que podemos destacar “Sete corações”, de Dea Ferraz, ‘Waiting for B.”, de Paulo Cesar Toledo e Abigail Spindel e o longa “Chico Science, caranguejo elétrico”. O filme “Caminhos do coco”, de Joice Temple, rendeu grande festa de encerramento da programação, com direito à apresentação da roda de coco, com o grupo musical “As Netas de Selma”.