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Laginha e Burmester se reencontram no MIMO para embarcar na música do mundo

24/10/2016

Por Deborah Dumar

Foto: Divulgação

O público do MIMO Festival terá o privilégio de testemunhar o encontro de dois excepcionais instrumentistas portugueses no Brasil. Artistas de renome internacional, que investiram em trajetórias distintas, eles vêm se unir em uma viagem musical sem fronteiras. Com personalidades artísticas muito fortes, os pianistas Mário Laginha, que enveredou pelo jazz, e Pedro Burmester, que se dedicou à música clássica, preparam um concerto especial para a abertura do MIMO no Rio de Janeiro, que será realizado na Igreja da Candelária (dia 11, às 18h30).

Na semana seguinte, eles voltarão a se apresentar juntos na Igreja da Sé, em Olinda (dia 18, às 20h30). O primeiro encontro desses dois monstros do piano aconteceu em julho, na charmosa cidade portuguesa de Amarante, onde o MIMO Festival realizou a sua primeira edição internacional para um público superior a 24 mil pessoas. O público pode verificar que o programa selecionado para o reencontro de Laginha e Burmester é desafiador e, ao mesmo tempo, prazeroso para esses extraordinários intérpretes.

As obras escolhidas trazem muito do universo harmônico e rítmico do jazz e também o requinte das composições dos mestres da música clássica. O resultado da bem-sucedida parceria, que enaltece escolas e estilos de diferentes épocas, é simplesmente primoroso. O repertório pouco convencional passa pela Cuba de Aaron Copland e a Lisboa de João Paulo Esteves da Silva, pelo Brasil de Pixinguinha e a França de Debussy e Ravel e, ainda, pelas saudades do amigo Bernardo Sassetti (morto em acidente fatal em 2012, aos 41 anos, em Cascais), que participou com eles do histórico concerto “3 Pianos” (2007).

Exuberância e criatividade Mário Laginha está de volta ao MIMO Festival depois de quatro anos. Em 2012, ele e a cantora Maria João – com quem mantém elogiada parceria desde os anos 1980 – se apresentaram para a Igreja do Seminário de Olinda lotada, deixando a plateia de queixo caído: a exuberância do concerto da dupla, que conquistou notoriedade na área do jazz e mantém estreita ligação com a música brasileira, deixou crítica e público em êxtase. A crítica chegou a chamar a música de Laginha e Maria João de “inclassificável”.

Lisboeta, nascido a 25 de abril de 1960, Laginha decidiu se tornar músico profissional depois de ouvir Keith Jarrett. A formação de excelência que obteve no Curso Superior de Piano do Conservatório Nacional permitiu-lhe evoluir como intérprete e compositor, desenvolver identidade própria e ganhar habilidade para escrever peças para as mais diversas formações, desde um trio de jazz a orquestras, e a compor temas para o cinema e o teatro.

Muito criativo, dono de notável solidez rítmica e imensa riqueza harmônica e melódica, Laginha é um dos mais representativos nomes do piano de jazz na cena mundial contemporânea. Entre o final dos anos 1980 e o início da década de 1990, ele e o aclamado pianista Pedro Burmester – que já ultrapassou a marca de mil concertos mundo afora – se cruzaram e, juntos, decidiram gravar “Duetos”, lançado em 1994 e que os levou em turnê de sucesso.

É bom destacar que, ao contrário de Laginha, que se abria a todo tipo de experimentações, Burmester (nascido no Porto, a 9 de outubro de 1963), desde criança, dedicava muitas horas de sua vida à dura disciplina que o estudo de piano requer. “Fui adulto muito cedo, no sentido em que a minha profissão me obrigava à responsabilidade”, admitiu, em entrevista.

Na mesma ocasião, destacou que era estimulado pela mãe a se tornar o melhor pianista do mundo: “Não é fácil, a partir dos sete anos, manter a obrigatoriedade de estudar todos os dias. Temos de fazer escalas e arpejos, uma espécie de ginástica dos instrumentistas. Não é propriamente música, é exercitar a máquina. Eu detestava. A minha mãe sentava-se ao meu lado e lia basicamente russos: Tolstói, Górki, Dostoiévski. Lia alto, enquanto eu fazia escalas. Eu ficava entretido, a mexer os dedos e a ouvir uma história. Essa presença e a motivação inteligente não me deixaram não levar o piano a sério”, comentou o ex-aluno da famosa concertista e professora Helena Sá e Costa.

Tão logo se formou, Burmester viajou para os Estados Unidos a fim de aprimorar seu conhecimento com o exigente Sequeira Costa, com quem trabalhou de 1983 e 1987, além de Leon Fleisher e Dmitry Paperno. Paralelamente, frequentou masterclasses com pianistas notáveis, como Karl Engel, Vladimir Ashkenazi, T. Nocolaieva e E. Leonskaja. Com uma dezena de CDs lançados, três deles dedicados a obras de Bach, Schumann e Schubert e outros três a gravações com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, Burmester também gravou Chopin e as dez sonatas para violino e piano de Beethoven, com Gerardo Ribeiro. Em 2010 foi editada a Sonata em Lá maior, D. 959 de Schubert e os Estudos Sinfónicos op. 13 de Schumann, além do CD e DVD “3 pianos”. Burmester foi Diretor Artístico e de Educação na Casa da Música, que ajudou a criar e a implementar, e atualmente é professor da conceituada Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo no Porto.


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