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Diva do Mali, Oumou Sangaré leva concerto vibrante a Paraty

06/09/2017

Por Deborah Dumar

Foto: Divulgação

Artista de renome internacional, ela é considerada uma das mais importantes cantoras da África em atividade. Carismática e dona de um timbre elegante, Oumou Sangaré se consagrou pelas interpretações repletas de emoção, as refinadas composições e o ativismo em defesa do novo papel da mulher na sociedade africana, que imprime em suas letras.

Indicada ao Grammy em 2010 pelo álbum “Seya” e tendo participado da faixa-título do premiado “The Imagine Project”, de Herbie Hancock, Oumou está em turnê pelo mundo para promover o álbum “Mogoya”, que marca seu retorno aos estúdios após oito anos e chegou ao mercado em fevereiro (selo No Format!).

Com milhares de seguidoras em seu país e fãs por onde quer que cante, sempre em apresentações com lotação esgotada, suas músicas permanecem fortemente ligadas às suas raízes e história pessoal, porém, desta vez, vêm embaladas por arranjos modernos e belíssimos arranjos vocais. A maquiagem, o penteado, o figurino e o design da capa do CD já dão indícios de que tipo de público a diva do Mali procura atingir em seus recentes concertos – a que o público do MIMO Festival assistirá gratuitamente, a céu aberto, na paradisíaca cidade de Paraty (RJ), na noite de 7 de outubro (sábado).

“Mogoya” (que significa algo como “as pessoas na atualidade”) foi gravado entre Estocolmo, Paris e Bamako, pelo famoso produtor e baixista sueco Andreas Unge, produzido na França pelo trio francês A.L.B.E.R.T. (Vincent Taurelle, Ludovic Bruni e Vincent Taeger) e contou com a especialíssima participação do baterista nigeriamo Tony Allen, um dos pioneiros do afrobeat. “Queríamos enfatizar o poder bruto da voz e canções de Oumou e evitar a branda suavidade de tantas produções africanas atuais”, afirma Bruni, que atuou, ao lado de Taurelle e Taeger, em projetos da cultuada cantora e atriz anglo-francesa Charlotte Gainsbourg, da dupla de música eletrônica Air e dos roqueiros escoceses da banda Franz Ferdinand, entre outros.

“Ela está claramente mirando uma plateia mais jovem e faz isso usando riffs vigorosos do baixo, teclados e rajadas repentinas de guitarra de rock, com o grande Tony Allen dirigindo duas músicas com seu notável trabalho rítmico. O resultado é um conjunto impressionante”, destaca a crítica de Robin Denselow, no jornal britânico “The Guardian”, sob o título “Change of direction but still true to her roots”, acrescentando que, apesar do power trio, a tradicional harpa kamele ngoni se evidencia nessa massa sonora e que a faixa-título é a mais experimental, com suporte do violoncelo e dos teclados.

A artista malinesa, que já se apresentou em grandes festivais e salas de concerto – Glastonbury, Roskilde, Womad, Back2Black , Jazz Sous Les Pommiers, Grass Roots, Oslo World Music, Melbourne Opera, Olympia de Paris, Opéra de la Monnaie e Royal Festival Hall, para citar alguns – declarou, em entrevista este ano, que está muito satisfeita com os novos rumos de seu trabalho.

“Na primeira vez que escutei minhas canções arranjadas pelo trio A.L.B.E.R.T., pensei ‘Uau, isso é mágico!”, mas esperava ouvir a ngoni. Isso aconteceu e eu disse ‘Walaa! Era o que eu queria’. Trata-se de uma mudança, contudo eles respeitaram a melodia de Wassoulou e o meu ritmo, porém a eletrônica é o que faz a África dançar agora. Precisamos manter as antigas melodias e os ritmos ancestrais, mas, ao mesmo tempo em que conservava isso, a juventude me cobrava: ‘Quando teremos esta música tocando na pista de dança?’. Procurei, então, saber o que poderia fazer por eles, sem alterar a minha música. Quando ouvi os arranjos do A.L.B.E.R.T., disse: ‘É isso!’. Atendi aos pedidos dos jovens e o resultado ficou lindo!”, comemora.

Respeitada defensora dos direitos da mulher

O papel de Oumou Sangaré na sociedade do Mali – e, por consequência, de outros países da África – vai muito além dos palcos e estúdios de gravação.  Nascida em 25 de fevereiro de 1968, teve uma infância difícil – desde criança, cantava nas ruas de Bamako e, na adolescência, em casamentos e batizados para ajudar a mãe (também cantora) a sustentar a família, que o pai abandonou quando ela tinha dois anos de idade.

Em 1990, tornou-se um fenômeno no mercado fonográfico com o lançamento do album de estreia, “Moussolou” (“Mulheres”), que vendeu mais de 250 mil cópias. A partir deste sucesso e com o impulso da britânica World Music Records, passou a editar álbuns no exterior, encontrando, assim, a oportunidade de propagar suas mensagens por uma sociedade mais justa mundo afora.

Com voz ativa na defesa dos direitos da mulher, ela combate os casamentos forçados de meninas, a poligamia e as desigualdades. Através da fundação que leva seu nome, a embaixadora da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, que lidera os esforços internacionais de erradicação da fome e da insegurança alimentar – distribui alimentos e donativos aos desassistidos em seu país.

A artista também está à frente de vários negócios de sucesso, que incluem desde hotelaria e agricultura a automóveis. Em parceria de sua empresa Gonow Oum Sang com uma fábrica chinesa, lançou um modelo de carro com seu nome, o Oum Sang. Mais do que a mera busca pelo crescimento do patrimônio pessoal, ela encara este fato como uma maneira de estimular as mulheres malinesas a deixarem de lado a milenar submissão ao homem e a buscarem a sonhada independência econômica.

No concerto do MIMO Paraty, Oumou Sangaré será acompanhada por Guimba Kouyaté (guitarra), Elise Blanchard (baixo), Jon Grandcamp (bateria), Hamed Gory (kamele ngoni) e Mamounata Guira (vocais).

 

 

 


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