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A CULTURA DISTINGUE O HOMEM DA BESTA

15/10/2016

Por: Cristiane Batista / Trago Boa Notícia

Foto: Beto Figueiroa

Mário Lúcio Sousa, premiado escritor e músico cabo-verdiano, foi curador e mediador do Fórum de Ideias “Lugares de Memória”, que aconteceu nesta sexta-feira na Casa de Cultura de Paraty com participação do rapper paulistano Emicida.

Para uma plateia lotada, os dois discutiram a importância do compartilhamento de saberes para a construção de novas culturas, contando suas realidades e afinando o discurso de que as diferenças, somadas, só tendem a enriquecer o repertório de todos.

Mário Lúcio contou, por exemplo, que na década de 1960 um barco a vapor passou por Cabo Verde e deixou na Ilha de Santiago instrumentos como cavaquinho, surdo e tambor. Eram de brasileiros, que ali compartilhavam também suas histórias e sua linguagem viva, aberta a contribuições. Com injeção de criatividade local, a cultura do país ficou ainda mais rica, e hoje os cabo-verdianos cantam músicas brasileiras que por aqui não se ouvem mais.

Emicida brincou: “O cavaquinho, por exemplo, foi trazido pelos portugueses para o Brasil no começo do século XX. A gente fala que toca cavaco melhor do que eles e eles ainda ficam putos”. Parte de um movimento chamado “Música Urbana”, o músico disse ter na base da chamada “Música Rural” também seu alicerce: “Tenho como referência mestres como Tião Carreiro e Pardinho, Pena Branca e Xavantinho, até depois, mais para frente, Cartola, Clementina de Jesus e Adoniran Barbosa. Isso dá vazão a outras linguagens”, explicou.

Com frases de efeitos como: “O outro sou eu!”, “Você nunca está só no mundo, porque sempre tem um lugar de memória em comum” e “Sentir é mais fácil do que entender, porque o entendimento pode vir com o tempo” e “O tambor é a primeira rede social que eu conheço. Ensina muito sobre o coletivo, sentar em círculo, olho no olho”, os dois arrancaram aplausos do público.

Uma das mais empolgadas era a professora de ensino fundamental Luciana Figueiredo, 26, que veio de Belo Horizonte a Paraty para aproveitar o feriado e acabou encontrando na programação do MIMO, seus shows e, mais especificamente, no workshop de hoje, material para as suas aulas: “São mais elementos para compreender a representatividade do negro, o que nos une e não pode nos separar”, contou.

 


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