Cheikh Lô: Quarenta anos de música em seus dreadlocks
Por: Raphael Bandeira
Foto: Divulgação
Uma voz festiva e ao mesmo tempo elegante, atraente e espiritual classificam a identidade sonora de Cheick Lô. Considerado um dos maiores nomes da África Ocidental, o artista senegalês se apresentará pela primeira vez no Brasil, no palco do MIMO Festival, na cidade de Paraty (RJ).
Com um visual marcante, o cantor esguio exalta suas raízes culturais através da túnica colorida e as tranças ‘dreadlocks’, que foram popularizadas mundialmente por Bob Marley. Mas engana-se quem pensa que o artista é adepto do movimento rastafari, de origem jamaicana. Lô é membro da Ordem Mouride Sufi do Islã e, como tal, mantém as grossas mechas cilíndricas de cabelo que também fazem parte dos costumes desta doutrina.
Lô iniciou sua carreira na Orchestre Volta-Jazz, banda que conduzia em seu repertório canções populares cubanas e congolesas, bem como a tradicional música de Burkina Faso. Mudou-se para Senegal em 1978, atuando no mbalax, fusão de músicas populares ocidentais como jazz, soul, ritmos latinos e rock, mesclando com tambores tradicionais e sons dançantes de Dakar.
Em 1995, após gravação de “Né la thiass, seu primeiro álbum, Cheikh Lô ganhou projeção na França e na Grã Bretanha. Em seguida, com o excelente “Bambay Gueej”, fincou sua consagração no mercado musical do mundo anglo-saxão.
Ao completar 40 anos de carreira em 2015, o artista lança no mercado internacional o CD comemorativo “Balbalou”, que conta com a participação especial da artista brasileira Flavia Coelho em uma das faixas. O álbum brinda os fãs com arranjos criativos, reforçando o seu nome como um dos maiores da inventiva música africana. Na sua melhor forma, alternando momentos à frente dos timbales e dos vocais, ele mostra que é um grande representante do Senegal.
Lô é um incansável inovador musical, o que faz dele forte presença em grandes concertos europeus e em grandes premiações. Em 2015, o artista concorreu ao prêmio de “Artista do ano” no WOMEX – importante plataforma de rede internacional para a música do mundo, ocorrido em Budapeste, na Hungria -, no qual venceu a categoria.
Caçador de tendências, Cheikh Lô gravou em Salvador (BA) com o grupo de percussionistas afro Ilê Aiyê. A curiosidade do artista é a chama que mantém acesa a qualidade da sua música, tornando-a para sempre interessante.
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