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Baby do Brasil vai mostrar na Escócia que a menina ainda dança

25/01/2017

Por Deborah Dumar

Baby Consuelo, Baby do Brasil ou simplesmente Baby. Não importa como os fãs de carteirinha a chamem. Fato é que ela é uma das maiores personalidades da música popular brasileira, desde que surgiu, na década de 1970, tinindo e trincando, de espelho na testa, como vocalista do revolucionário grupo Novos Baianos. A moderna banda, fortemente influenciada pela Tropicália e a Bossa Nova, virou uma febre nacional, uma referência para diferentes gerações, devido ao impacto que o lançamento de “Acabou chorare” (1972) causou.

O trabalho, o segundo do grupo, foi eleito em 2007 pela revista “Rolling Stone Brasil” como “o maior álbum da música brasileira de todos os tempos”. Ainda hoje, “Acabou chorare” é considerado uma obra-prima da MPB, por conta da bem dosada mistura da guitarra, baixo e bateria às cores e aos ritmos brasileiros. A faixa de abertura, “Brasil pandeiro”, de Assis Valente, foi sugerida por ninguém menos que João Gilberto, o ilustre visitante do apartamento da turma, no bairro de Botafogo, do Rio de Janeiro.

Rapidamente e por muitos meses, o disco se manteve no topo das paradas de sucessos e os exímios músicos magros e cabeludos das fotos – que moravam e jogavam futebol em um sítio de Jacarepaguá – multiplicavam a sua popularidade, participando de inúmeros programas de televisão e lançando outros álbuns, recheados de sucessos – entre eles, “A menina dança”, que é marca da artista e foi regravada por Marisa Monte.

Dois filmes e um livro contam a história do grupo, que surgiu no auge da ditadura militar, no ano seguinte ao que Gilberto Gil e Caetano Veloso embarcaram para o exílio em Londres. Aliás, foi no show de despedida dos tropicalistas, “Barra 69”, realizado no Teatro Castro Alves, em Salvador (Bahia), que Baby Consuelo e o guitarrista Pepeu Gomes se conheceram. Da união duradoura dos artistas de cabelos coloridos, nasceram diversas parcerias e seis filhos.

Recordes de venda no mercado fonográfico

Carismática, com visual arrojado, espalhando energia e dona de uma alegria contagiante no palco, a originalíssima cantora e compositora inaugurou a carreira independente em 1978, lançando “O que vier eu traço” (Warner) – título inspirado em um sucesso de Ademilde Fonseca – que invadiu as lojas de todo o Brasil e vendeu quase meio milhão de cópias (na capa, ela aparece grávida).

Em seguida, Baby gravou “Pra enlouquecer” (1979), que trazia na capa a foto da cantora, esbelta, com quatro filhos – Riroca (que viria a trocar seu nome para Sarah Sheeva), Zabelê, Nana Shara e Pedro Baby. No repertório, destacam-se o doce tributo de Caetano Veloso à Cidade Maravilhosa e que se tornou o maior sucesso da trajetória da cantora, “Menino do Rio”, e o clássico “Apanhei-te cavaquinho”, em que ela e a rainha do choro interpretam de forma irretocável a obra de Ernesto Nazareth (com letra de Darci de Oliveira e Benedito Lacerda), entre outras composições.

Com este álbum, a cantora ultrapassou facilmente a marca de um milhão de cópias vendidas, que a maioria dos artistas populares se esforçava desesperadamente para bater. Assim como Baby, na mesma época, os músicos e compositores Moraes Moreira e Pepeu Gomes também investiam em suas carreiras solo, no que foram muito bem-sucedidos. Era o fim dos Novos Baianos.

Em 1980, a Warner lançou a gravação ao vivo do show da artista no prestigiado Festival de Montreux (1980) – em que ela apresentava, logo na abertura, o clássico “Brasileirinho”, de Pereira da Costa e Waldir Azevedo, que as emissoras de rádio FM não se cansavam de tocar. Palco ao qual Baby retornaria com os Novos Baianos, em 1998, para celebrar os 20 anos das noites brasileiras na Riviera Suíça.

Os álbuns seguintes sacramentaram o êxito da carreira solo de Baby, repetindo as invejáveis vendagens de discos e consagrando outros hits em sua voz. Enquanto o disco de Montreux superou as 450 mil cópias, “Canceriana telúrica”, de 1981, chegou a um milhão e 400 mil cópias – puxado por “Todo dia era dia de Índio”, que Jorge Benjor deu para Baby lançar, “Telúrica”, parceria dela com Jorginho Gomes, e “Um auê com você”, composta por Baby. “Cósmica”, de 1982, atingiu 950 mil, “Kryshna Baby” (1984), 700 mil, enquanto “Sem pecado e sem juízo” (1985) alcançou o patamar de um milhão e cem mil discos vendidos.  Depois de ter se tornado evangélica, na década de 1990, ela também gravou música gospel.

 

Foto de divulgação / Arquivo pessoal

Foto de divulgação / Arquivo

Novo show foi planejado especialmente para Glasgow

Preparando uma nova turnê para este ano, depois da incrível bilheteria de “Baby sucessos” (projeto dirigido pelo filho, o guitarrista Pedro Baby, que atraiu uma nova geração de fãs às casas de shows lotadas), do fenomenal concerto ao lado dele e do ex-marido no Rock in Rio, das noites concorridas no Blue Note, de Nova York, e da turnê do reencontro com os Novos Baianos – assistidos, em média, por cinco mil espectadores em cada cidade, por noite – Baby do Brasil demonstra ser ainda dona de um fôlego admirável .

Em plena forma física e artística, ela promete arrasar em Glasgow, acompanhada por sua nova banda e mostrando toda a sua versatilidade. “Estou superfeliz e com muita garra para fazer um show que represente o meu país, mas também que seja eletrizante, que é a minha característica musical”, destaca, lembrando que o “Los Angeles Times”, na crítica sobre a sua performance nos EUA, comparou seu estilo ao de Janis Joplin (“She has the fury and the fire of the latin Janis Joplin)

Morando no Rio de Janeiro e em São Paulo, Baby do Brasil se reinventa e permanece sendo notícia na mídia brasileira por seu comportamento, o estilo de vida natural e a espiritualidade, além do sucesso. Nas horas vagas, a popstar e pastora escreve o livro “Não vai ter bunda-mole no Céu, só casca grossa”. Nos últimos dias, ela ensaiou exaustivamente o concerto que apresentará no Showcase Scotland 2017, através do MIMO Festival, com a jovem banda.

“Todo o show para Glasgow está sendo preparado especialmente para o evento, com todas as minhas pegadas, inclusive a jazzística!”, adianta a cantora, que fará um concerto dirigido aos mais de 200 delegados de 35 países, convidados pelo Celtic Connections. “Achei excelente o projeto do festival em reunir os agentes do mundo todo, para mostrar o trabalho dos artistas brasileiros, e pretendo alargar as minhas fronteiras musicais e profissionais com esta oportunidade supergostosa, a 10 graus abaixo de zero, mas com os meus 100 graus de energia acima de zero, uhuuuu!”

Desta vez, no entanto, Pedro Baby, o guitarrista das mais famosas cantoras brasileiras, a exemplo de Gal Costa e Marisa Monte, deixará de participar do concerto da mãe, por estar se dedicando ao primeiro álbum solo, explica a cantora, orgulhosa. Em Glasgow, ela será acompanhada por dois guitarristas, Frank Solari e Daniel Santiago, o baixista André Gomes e Kiko Freitas na bateria.

Baby conta que conheceu o MIMO na edição carioca do ano passado, através da Musickeria , que se associou ao festival em 2015 e com a qual a artista realizou outros projetos. Adorou o convite para participar do Showcase Scotland 2017, ao lado de outras cinco atrações do Spotlight Brazil. No repertório que Baby montou para a ocasião, estarão músicas novas, clássicos da música popular brasileira, dois ou três sucessos de carreira e a sua versão para o clássico “Stand by me”, antecipou.

Na véspera do embarque para a Escócia, ela anunciou para o segundo semestre a realização de seu novo concerto e a gravação de um DVD, que serão lançados com tudo a que tem direito: “Vou estrear meu novo show, com gravação ao vivo para CD e DVD, no Rio de Janeiro, no Metropolitan, no dia 5 de agosto e, em São Paulo, no dia 12 de agosto, no Citibank Hall”, adiantou a artista, cheia de gás.

 

Para mais informações: celticconnections.com


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