Artistas de diferentes países agitam o sábado no MIMO
Por Deborah Dumar
Fotos: Beto Figueiroa
Olinda (Pernambuco) – Emir Kusturica e The No Smoking Orchestra encerraram a noite de sábado do MIMO Festival, em Olinda, botando as milhares de pessoas da plateia para dançar até as primeiras horas da madrugada.
Dirigindo-se ao animada público em inglês, no palco do MIMO na Praça do Carmo, o premiado cineasta e líder da banda sérvia interagiu com os espectadores durante as quase duas horas de apresentação, cantado músicas em seu idioma e em inglês.
Entre uma e outra, a banda tocava o famoso refrão de “A pantera cor de rosa”, de Henry Mancini, um trecho da obra-prima de Jacques Prévert , “Les feuilles mortes”, e solos do Pink Floyd. Mas eram simulações apenas, logo Kusturica e TNSO voltavam para suas composições, algumas inéditas que farão parte do disco a ser lançado no mês de março.
O que menos importou ao público de Kusturica foi a barreira linguística. Artista e plateia se mantiveram em perfeita harmonia, do início ao final do concerto. Os espectadores vibraram demais com o tema “Cerveza”, com letra em espanhol. “Are you ready? Estão preparados?”, indagava, incendiando ainda mais a calorosa plateia.
Os concertos e demais atividades da programação do MIMO Festival em Olinda atraíram uma multidão às ruas, ladeiras e igrejas da cidade-patrimônio de Pernambuco, ao longo de todo o sábado.
Os fãs do cantor e compositor Otto, que encerra neste domingo o festival, com o show de lançamento do álbum “Ottomatopeia”, lotaram o Convento de São Francisco no início da tarde, participando do divertido bate-papo com o artista, que foi conduzido pela jornalista Chris Fuscaldo, no Fórum de Ideias do MIMO.
O duo Eduardo Neves e Rogério Caetano arrastaram um grande grupo de pessoas até a Igreja da Misericórdia, onde mostraram as composições do álbum “Cosmopolita”, ao passo que já se formava uma extensa fila na porta da Igreja do Carmo, em que o pianista Salomão Soares (vencedor do Prêmio MIMO Instrumental) mostrou obras autorais e clássicos da música brasileira.
Do lado de fora, outra fila surgia. Eram os fãs do pianista pernambucano Zé Manoel, que apresentou as peças do álbum “Delírio de um romance a céu aberto”, que ganhou o Premio da Música Brasileira, na categoria “projeto especial”.
Poucas horas antes, o público da Chuva de Poesia disputava as milhares de tiras coloridas, com versos de escritoras de diversas nacionalidades e épocas, que foram lançados da torre da Igreja da Sé.
Na Tenda da Ribeira, onde aconteciam as sessões gratuitas de filmes inéditos, selecionados para o Festival MIMO de Cinema, a plateia participou com muito entusiasmo da exibição de “Clara estrela”, de Susanna Lira e Rodrigo Alzuguir.
As pessoas cantavam “Feira de Mangaio” (Sivuca e Glorinha Gadelha), “Canto de areia” (Toninho Nascimento e Romildo) e o sucesso “Portela na Avenida” (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro), como se estivessem participando de um show de Clara Nunes. O documentário aborda, na primeira pessoa, a trajetória da artista, através de entrevistas que deu a jornais e revistas. A narrativa é da atriz Dira Paes.
Em seguida, a Tenda da Ribeira teve todos os assentos ocupados durante a exibição do documentário “Torquato Neto – Todas as horas do fim”, de Eduardo Ades e Marcus Fernando, sobre o poeta e jornalista que ficou conhecido como “o “anjo torto da Tropicália”. Um grupo de amigos veio do Piauí para assistir ao filme.
A Igreja da Sé acolheu, no início da noite, o sofisticado concerto do 3MA, que é formado por três grandes instrumentistas da África: o mestre da kora Ballaké Sissoko (Mali), o incrível oudista Driss El Maloumi (Marrocos) e o mestre da valija Rajery (Madagascar). Entre as músicas do recém-lançado álbum “Anarouz”, eles prestaram solidariedade às pessoas escravizadas atualmente no Norte da Europa, arrancado emocionados aplausos do público.
Outro grande nome da música africana, o guitarrista e compositor malinês Vieux Farka Touré abriu o palco da Praça do Carmo com um concerto de tirar o fôlego.
O MIMO Festival prossegue até a noite de domingo em Olinda.