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Herbie Hancock é atração confirmada no MIMO Amarante

21/02/2017

Por Deborah Dumar

Foto: Divulgação/Douglas Kirkland

Reconhecido como um dos mais importantes pianistas e compositores da história do jazz, Herbie Hancock – um dos músicos mais influentes da música internacional dos nossos tempos – está de volta ao MIMO Festival. Desta vez para um concerto na segunda edição do evento em Amarante, no Norte de Portugal, que acontecerá entre os dias 21 e 23 de julho, com entrada franca.

Finalizando novo álbum de estúdio, o artista norte-americano apresentará, no palco do MIMO, algumas das composições inéditas e também a abordagem contemporânea dos sucessos de carreira – a exemplo de “Cantaloupe Island”, “Rock it” e “Maiden voyage” – ao lado da nova geração de instrumentistas.

Sua atual banda é formada pelo guitarrista Lionel Loueke, o baterista Vinnie Colaiuta, o baixista James Genus e o premiado Terrace Martin – saxofonista, tecladista e produtor de famosos rappers, como Kendrick Lamar e Snoop Dogg – que é vencedor de dois Grammy e foi indicado este ano à categoria de melhor álbum de R&B, com “Velvet portraits”. Como de hábito, Hancock se revezará com maestria entre diferentes teclados e o piano de cauda.

A primeira vez em que Hancock se exibiu no MIMO foi em 2013, em Paraty, na Costa Verde do Rio de Janeiro, em um concerto gratuito, como toda a programação oferecida pelo festival. Foi ovacionado pelos milhares de espectadores que ocuparam a Praça da Matriz, ao mostrar ao público as diferentes perspectivas de sua obra, como um caleidoscópio musical.

Artista ganhou destaque na cena musical no início da carreira

Raros instrumentistas e compositores têm uma carreira tão fecunda quanto Herbie Hancock. Em mais de 50 anos de trajetória, consagrou seu nome em escala global, desde que foi convidado pelo genial trompetista Miles Davis a integrar seu antológico quinteto, entre 1964 e 1968, ao lado de Ron Carter (contrabaixo), Tony Williams (bateria) e Wayne Shorter (saxofone tenor).

Alcançava, assim, o mais alto patamar com que qualquer músico poderia sonhar.  O convite surgiu logo depois de ele ter lançado o primeiro álbum solo, “Takin’ off” (1963), pelo conceituado selo de jazz Blue Note, e emplacado de imediato o hit “Watermelon man”.

Nascido em Chicago em 12 de abril de 1940, desde muito cedo, Hancock demonstrou sua aptidão para a música. Aos 11 anos, tocou Mozart com a Orquestra Sinfônica de Chicago, deixando a plateia embevecida. Interessou-se pelo jazz na escola, inicialmente influenciado por Bill Evans e Oscar Peterson.

O jovem apaixonado por teclados, botões e engenhocas formou-se, então, em Música e Engenharia. No grupo de Davis, conheceu e adaptou o Fender Rhodes, improvisando um pedal de wah-wah e uma câmara de eco. A partir dessas conexões, Harold Rhodes, pai do piano elétrico, correu a providenciar para que os novos modelos só saíssem da fábrica com esses conectores.

Hancock gravou clássicos como “ESP”,“Nefertiti” e “Sorcerer” (mais tarde, fez aparições em “In a silent way” e “Bitches brew”, álbuns que se tornaram marcos do jazz fusion) e, depois do período em que atuou com Davis, decidiu alçar voo próprio, no que foi muito bem-sucedido.

Ao mergulhar no funk-jazz eletrônico com The Headhunters, aproximou-se da tradição afro-americana e produziu uma sonoridade bem mais acessível ao grande público. O álbum de 1973, “Head Hunters”, estourou e o artista virou um pop star, atraindo multidões a seus shows. Ao mesmo tempo, voltava ao jazz acústico com o V.S.O.P., reaproximando-se do quinteto de Miles Davis, desta vez com Freddie Hubbard no trompete.

Hancock também brilhou como autor de trilhas para o cinema

Com a riqueza de sua música, Herbie Hancock recebeu 14 Grammy (o mais recente, em 2016, pelo conjunto da obra) e um Oscar, pela trilha sonora do filme “Round midnight (1986), de Bertrand Tavernier, em que também atua. Mas esta não foi a sua primeira incursão no cinema. Aos 26 anos, os críticos o elogiaram pela trilha original de “Blow up – Depois daquele beijo” (1966), primeiro filme em língua inglesa do aclamado diretor Michelangelo Antonioni e que foi produzido por Carlo Ponti. Vencedor da Palma de Ouro, em Cannes, e com duas indicações ao Oscar, a produção foi relançada em 2016, em celebração ao cinquentenário desta obra-prima do cinema mundial.

Inovador por excelência, ao longo de todo esse tempo, Herbie Hancock continua a fazer experimentações, explorando os mais diferentes gêneros e estilos, motivado pelo desejo de expandir os limites de sua própria criatividade. Sem cerimônia e com maestria.

Poucos foram os que exercem tanta influência sobre o jazz acústico e eletrônico e R&B como ele. Hancock permanece surpreendendo o público, rompendo fronteiras com a sua arte em incríveis performances e ao lado de músicos de primeira grandeza de todas as gerações.

 


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