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Richard Bona celebra a música afro-cubana em concerto gratuito no MIMO Amarante

27/04/2017

Por Deborah Dumar

Foto: Divulgação

Exímio contrabaixista, compositor inspirado e dono de uma voz aveludada, Richard Bona é um dos mais aclamados nomes do jazz contemporâneo. O artista de Camarões, que virou fã de Jaco Pastorius na adolescência, deixou sua terra para tentar a sorte na Europa, estabeleceu-se em Paris por alguns anos e se mudou para Nova York em 1999, consolidando a carreira de sucesso.

Em turnê pelo mundo, Richard Bona une seu inesgotável talento ao virtuosismo da banda formada por instrumentistas de destaque na cena nova-iorquina, Mandekan Cubano, para mostrar seu mais recente trabalho, “Heritage”, com repertório inteiramente dedicado à saborosa sonoridade afro-caribenha. O álbum foi lançado pelo selo de Quincy Jones, o Qwest Records.

O concerto de Richard Bona & Mandekan Cubano será apresentado no MIMO Festival, dia 22 de julho, no Parque Ribeirinho, com entrada gratuita. E Bona já mandou o seu recado para o público: “Estou ansioso para vê-los em Amarante! Tragam seus sapatos para dançar, pois faremos a festa juntos!”.

Lançado em meados de 2016, o novo álbum vem agradando aos espectadores dos concertos lotados e à crítica, que não poupa elogios ao instrumentista, cantor e autor, chamado de “o Sting africano” por seus admiradores. Todas as músicas de “Heritage”, nos conta Bona, são de sua autoria (“Jokoh Jokoh”, “Matanga”, “Essèwè Ya Monique” et “Kivu”), à exceção de “Bilongo”,  que é uma adaptação de “La negra Tomasa” – sucesso do cubano Guillermo Rodríguez Fiffe, que foi regravado nos anos 1990 pelo Buena Vista Social Club.

O consagrado baixista de jazz explica por que se interessou em misturar o som afro-cubano a elementos da música americana: “Gosto de diversificar, de explorar novos gêneros musicais, porém mantendo sempre o meu toque pessoal. Estou constantemente aprendendo coisas novas”, afirma Bona.

Vencedor de importantes prêmios – como o Victoires du Jazz (2004), o Antonio Carlos Jobim, do Festival de Montreal (2010) e o  Grand Prix da Sacem (2012) – ele foi indicado ao Grammy em 2007 pelo quarto álbum de carreira, “Tiki”, disputando com artistas veteranos, como Salif Keita e Ali Farka Touré, entre outros.

Com álbuns muito bem cotados pela crítica, Bona foi definido pelo “Los Angeles Times” como um artista “com o virtuosismo de Jaco Pastorius, a fluidez vocal de George Benson, o sentido de canção e harmonia de João Gilberto, tudo misturado à cultura africana”. As cores harmônicas e as melodias irretocáveis que o multi-instrumentista obtém a partir da fusão dos sons e ritmos africanos com o pop, a Bossa Nova, o jazz e o funk, são impressionantes, bem como a fluidez e a beleza de seu canto.

Desde o primeiro disco, “Scenes from my life” (Columbia Jazz, 1999), Bona demonstrava que não era apenas mais um artista em busca do sucesso e a experiência que ganhou atuando ao lado de grandes músicos na Europa e nos EUA certamente contribuiu para o desenvolvimento de sua arte. Da extensa relação dos músicos e compositores com os quais colaborou, podemos citar Bobby Mc Ferrin, Joe Zawinul, Stevie Wonder, Harry Belafonte, Mike Stern, Paul Simon, John Legend, Djavan, Chick Corea e Robert Plant.

Outro que merece destaque é o guitarrista Pat Metheny, que o convidou a integrar a sua banda, gravar e excursionar com o projeto “Speaking of now” (2002) – álbum premiado com o Grammy de melhor álbum de jazz contemporâneo. Com este trabalho, que resultou no DVD homônimo, gravado ao vivo em Tóquio, Bona chamou a atenção de um público ainda maior e firmou sua reputação junto à crítica internacional.

Esta é a segunda vez que o artista participa de uma edição do MIMO. Em 2012, Richard Bona fez um concerto irrepreensível na abertura do festival, em Olinda (Pernambuco), ao lado do guitarrista francês Sylvain Luc e do percussionista brasileiro Marcos Suzano. O público do MIMO, que lotou a Igreja da Sé, ovacionou o trio, que realizou uma noite histórica do festival no Brasil.

No MIMO Amarante, Richard Bona será acompanhado pelo Mandekan Cubano, que é formado por Ludwig Afonso (bateria), Rey Alejandre (trombone), Dennis Hernandez (trompete), Osmany Paredes (piano) e a dupla de percussionistas Luis Quintero e Roberto Quintero.

Em entrevista, artista fala do novo concerto e de negócios

Por e-mail, o artista e empresário fala sobre seu novo trabalho, “Heritage”, sua trajetória e a expectativa de tocar em Amarante, ao ar livre, no belo Parque Ribeirinho.

MIMO – Como surgiu e foi desenvolvido o projeto Mandekan Cubano?  Há um vídeo de 2012, em que o senhor participa do evento “Solidarité des Arts”, ao lado do grupo, e um artigo que fala do seu concerto com a banda  em Nova York, em 2013. Este foi um trabalho paralelo em sua carreira ?

Richard Bona – Reuni  um grupo de músicos cubanos e venezuelanos, o Mandekan Cubano, e naturalmente tocamos algumas músicas juntos. Depois de alguns concertos, decidi registrar um álbum com eles e, assim, lançamos “Heritage” em junho de 2016, a que se seguiu uma turnê mundial. Realizamos mais de 80 concertos no ano passado e continuamos a fazer outros em 2017.

MIMO – Depois de trabalhar com importantes artistas da música americana, como Pat Metheny, Bob McFerrin , Herbie Hancock e David Sanborn,  em que circunstância decidiu gravar música afro-cubana ?

R.B. – Todas essas pessoas são minhas amigas e mentoras. Trabalhei em projetos muito diferentes ao longo dos anos. Quando começamos a tocar a música afro-cubana nos concertos, os fãs pediram um álbum. Entramos, então, em estúdio para gravar “Heritage”.

MIMO – Qual é exatamente a participacão de Quincy Jones no projeto? É ele quem assina a produção deste seu oitavo disco de estúdio ?

R.B. – Não, Quincy Jones não produziu “Heritage”. Quincy Jones é meu empresário, através de sua companhia, a Quincy Jones Productions. Além de ser um amigo e mentor, trabalhamos juntos em diferentes projetos. Agora, estamos desenvolvendo o Mandekan Cubano, mas temos outros planos para o futuro.

MIMO – Como foi feita a seleção dos músicos do Mandekan Cubano, com tantos instrumentistas vivendo e trabalhando em Nova York ? E o que a palavra “Mandekan”  significa, por favor ?

R.B. – São todos excelentes músicos que conheci depois que passei a viver em Nova York. Mandekan é um dialeto do Oeste da África, que nossos ancestrais falavam quando chegaram em Cuba.

MIMO – Além de Jaco Pastorius, que outros músicos e cantores o influenciaram?

R.B. – Todas as músicas, todas as pessoas e todos os músicos são minhas influências. Ouço muita música todos os dias, aprendo todos os dias.

MIMO – O senhor fez em 2012 o concerto de abertura do MIMO Festival em Olinda. Quais são as impressões mais fortes que o senhor guardou do festival ?

R.B. – O MIMO é um dos melhores festivais que há! O público é muito generoso e é sempre um prazer tocar no MIMO!  E Sylvain e Marcos são muito bons amigos.

MIMO – O senhor poderia nos contar como foi a experiência de sair de Camarôes na juventude para viver em um país distante, na Europa ? Como foi viver na França, onde o senhor ganhou prêmios importantes, como o Victoires du Jazz e o Grand Prix da Sacem ?

R.B. – Foi uma etapa na minha vida, eu sentia necessidade de explorar novos horizontes e isso me permitiu conhecer numerosos músicos e, sobretudo, fazer muitos amigos. Fui para Nova York em 1999 e, quando recebi esses prêmios na França, não morava mais em Paris, embora a França permaneça no meu coração.

MIMO – Em que momento o senhor decidiu viver em Nova York? Como foram os primeiros anos nos EUA?

R.B. – Fui para Nova York porque havia um trabalho lá para mim. Trabalhei com Harry Belafonte, Joe Zawinul, Mike Stern e muitos outros. Todo mundo me aceitou de imediato.

MIMO – Como é a sua vida de homem de negócios, sócio de um jazz club, o Bonafide ? Como faz para dividir o tempo entre o club e a música, uma vez que o senhor está em turnê quase sempre. Difícil, não?

R.B. – Eu praticamente não durmo, o que me permite trabalhar umas vinte horas por dia. Durante as turnês, viaja-se muito, porém se dispõe de muito tempo no hotel. Quando não estou visitando uma cidade, estou no telefone gerenciando o Club Bonafide em Nova York, o que abrimos em Paris  os outros projetos em que trabalho.

MIMO – Gostaria de mandar uma mensagem para o público do MIMO Festival?

R.B. – MIMO! Estou ansioso para vê-los no dia 22 de julho em Amarante! Tragam seus calçados para dançar, pois faremos a festa juntos!


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