Locais

Centro Português de Fotografia + Largo Amor de Perdição

O Centro Português de Fotografia é um espaço icônico da cidade do Porto. Criado em 1997, é um dos principais centros de preservação fotográfica do país e ainda funciona como um museu das técnicas de captação de imagens e como espaço de exposições. Sua história está enraizada na da cidade porque ali funcionou, até abril de 1974, o Tribunal de Justiça e a antiga Cadeia da Relação. Em uma de suas celas, em 1861, Camilo Castelo Branco escreveu “Amor de Perdição”, enquanto esteve preso por adultério em função de sua história de amor com a poetisa portuense, Ana Plácido, encarcerada no andar de baixo. O autor, o encontro dos dois e o próprio livro estão eternizados em uma estátua em frente à antiga prisão, no Largo Amor de Perdição. A enorme edificação – localizada entre o Convento de São Bento da Vitória e à Porta do Olival – começou a ser construída em 1765, com projecto do arquitecto pombalino Eugénio dos Santos e Carvalho e só foi concluída 30 anos depois, em 1796.

Igreja de São José das Taipas

A igreja de S. José das Taipas, inaugurada em 1878, levou 83 anos para ser erguida e se encontra no enclave formado pela Igreja dos Clérigos, os Jardins da Cordoaria, o Centro Português de Fotografia e a Casa de Almeida Garret. O projecto foi do arquitecto neoclássico Carlos Amarante, também autor do prédio da Reitoria da Universidade do Porto e da Igreja da Trindade. A Igreja testemunhou dois momentos trágicos da cidade: primeiro, o surto de peste ocorrido no século XVI – inclusive as “taipas” que batizam a Igreja vêm do material que isolou esta área do Porto. Em segundo, as invasões napoleônicas. A Igreja guarda em suas instalações um quadro alusivo ao episódio conhecido como “Desastre da Ponte das Barcas”, quando, durante a invasão francesa, em 29 de março de 1809, a população acuada atravessou em fuga a ponte que ligava a Ribeira do Porto a Gaia e ela ruiu. A igreja é administrada pela Irmandade das Almas de S. José das Taipas, criada em 1780. Todo ano, ela relembra o trágico evento e promove uma procissão que sai da Igreja e segue ao local na Ribeira hoje conhecido como “Alminhas da Ponte”.

Jardim da Cordoaria

O Jardim da Cordoaria é um dos mais antigos da cidade. Antes de se transformar em passeio público no século XIX, o local foi uma das áreas identitárias do Porto. Lá, desde a Idade Média, se localizava o Campo do Olival, utilizado pelos cordoeiros para tecer as cordas manuseadas pela indústria naval portuense, situada em Miragaia. A partir da necessidade de criar uma alameda que servisse para a passagem dos magistrados que se dirigissem ao Tribunal e à Cadeia da Relação, nos fins do século XVIII, o Campo do Olival deu lugar ao Jardim da Cordoaria. A decisão de sua construção impeliu à extinção do enorme olival que se estendia da Igreja dos Clérigos à Praça de Carlos Alberto (onde ainda há a indicativa Rua das Oliveiras). Porém, Em 1836, nas reformas de Passos Manuel e pela presença de espécies exóticas, foi escolhido para ser a sede do primeiro Jardim Botânico da cidade, criado pela Academia Politécnica do Porto. Mas, a partir de 1839, passou a ser um espaço de presença e até abrigou feiras regulares e um mercado. Finalmente, em 1865, ele foi inaugurado pelo Visconde de Vilar d’Allen e revelou o projecto do paisagista alemão Émile David. Em 1925, após a morte do jornalista e político republicano João Chagas, o espaço romântico com lagos, esculturas, ruínas e espécies exóticas foi rebatizado com seu nome. Em 2001, o Jardim foi alvo de nova intervenção com a remodelação urbana promovida pelo evento Porto Capital Europeia da Cultura. Ele perdeu o ar romântico, mas ganhou alamedas baixas e novas esculturas, como a “Treze a rir uns dos outros” de Juan Muñoz.

Praça Gomes Teixeira/Fonte dos leões

A “Praça dos Leões” foi batizada Praça Gomes Teixeira com o nome do primeiro reitor da Universidade do Porto. É um tradicional ponto de encontro dos portuenses e também dos turistas e viajantes, já que naquele espaço se localiza, à direita, a Livraria Lello; à frente às Igrejas do Carmo e dos Carmelitas Descalços e, à esquerda; o ponto final do eléctrico para o Largo da Batalha e o bar e restaurante Piolho, tradicional espaço de copos e tertúlias da cidade há décadas. Porém, a Praça já possuiu muitos topônimos ao longo dos séculos. Inicialmente, foi batizada como Largo do Carmo, graças à proximidade com o Convento de Nossa Senhora do Carmo, fundado em 1619. Depois, passou a “Largo dos Meninos Órfãos ou Largo do Colégio de Nossa Senhora da Graça, em função da construção do Colégio dos Órfãos em 1651. Em 1835, tornou-se “Praça dos Voluntários da Rainha”, em homenagem ao batalhão liberal do exército português que ocupou os conventos dos Carmelitas. Finalmente, no início do século XX, com a inauguração da Universidade do Porto, passou-se a chamar Praça da Universidade e, em 17 de Dezembro de 1936, Praça Gomes Teixeira. Já a fonte que batiza informalmente o sítio foi construída pela Companhia das Águas do Porto, em 1882, para fornecer água àquela zona da cidade.

Pátio do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto

A Reitoria da Universidade do Porto foi construída ao longo do século XIX e, no prédio principal, localizado à Praça Gomes Teixeira, funciona o Museu da História Natural e da Ciência, dedicado às pesquisas sobre biodiversidade com papel de centro de investigação e divulgação científica. Ele realiza exposições de suas coleções e de também de parceiros espalhados pelo planeta, nomeadamente em África. O Museu guarda coleções de referência como as de arqueologia, paleontologia, mineralogia, entomologia, aves, peixes, o Herbário e amostras biológicas destinadas às investigações científicas em âmbito nacional e internacional. Ele também alberga uma das maiores coleções de esqueletos humanos pré-históricos dos últimos Caçadores e Coletores na Europa. As coleções do Museu estão abertas ao público.

Auditório Ruy Luís Gomes 

No edifício da Reitoria – a “casa mãe” da Universidade do Porto – o Auditório Ruy Luís Gomes, com capacidade para 80 lugares, homenageia um dos pensadores mais importantes daquela instituição. Ruy Luís Gomes dedicou sua vida a mostrar o papel estratégico da investigação científica para o desenvolvimento nacional e do conhecimento científico como parte fundamental da cultura. Em um cenário de completa ausência de estruturas de investigação científica, Ruy Luís Gomes, eminente matemático, criou o Centro de Estudos Matemáticos do Porto e foi cofundador do Observatório Astronómico da Universidade do Porto, da Junta de Investigação Matemática e da Sociedade Portuguesa de Matemática. Também foi fundador e Sócio Honorário da Universidade Popular do Porto. Promoveu o intercâmbio científico e cultural ao colaborar com investigadores estrangeiros durante o período de Salazar e foi exilado na Argentina e no Brasil. Participou activamente no combate antifascista como presidente do Movimento Nacional Democrático (MND) e proposto como candidato à Presidência da República em 1951. Após o 25 de Abril, foi reitor da Universidade do Porto e cofundador do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar.

Laboratório Ferreira da Silva

O Laboratório Ferreira da Silva é um deslumbrante espaço expositivo no polo central do Museu da História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, que conta os 300 anos da história da química em Portugal.  Inaugurado em 2021, ano em que a Universidade celebrou seu 110º aniversário, a galeria em art-déco mantém o aspeto do seu funcionamento nas décadas de 30 e 40 do século passado e foi requalificado para ser um equipamento educativo e cultural. Lá podem ser vistos instrumentos de precisão, utensílios, produtos químicos, livros e mobiliário que são registos desta jornada científica.

Igreja dos Carmelitas Descalços

A Igreja dos Carmelitas ou dos Carmelitas Descalços começou a ser construída em 1616 em estilo maneirista barroco e foi concluída em 1628, mas só ficou totalmente pronta 1650. Foi classificada como Monumento Nacional 2013, em conjunto com a Igreja do Carmo. Elas não são geminadas, mas unidas pela Casa Escondida do Porto, que possui um pouco mais de um metro de largura e é destinada a hospedar personalidades como o sacristão e outros convidados.  A fachada é de cantaria granítica, possui três entradas com arcos de volta perfeita e uma torre sineira do lado esquerdo, adornada com azulejos azuis e rematada por uma cúpula.

Igreja do Carmo

Inaugurada 98 anos após a construção da Igreja dos Carmelitas Descalços, a Igreja da Ordem Terceira do Carmo, em estilo rococó, é de autoria do arquitecto e pintor José de Figueiredo Seixas, mas recebeu supervisão do arquitecto Nicolau Nasoni, o mais prestigiado do Porto. Em função disto, teve o projecto do varandim do frontispício da igreja alterado. A fachada lateral é toda revestida de azulejos azuis, que formam seis painéis concebidos pelo pintor italiano Slvestro Silvestri que, como gratificação, entrou para Irmão da Ordem Terceira, em 1912. Em 2013, foi alçada à condição de Monumento Nacional. Seu interior possui retábulos desenhados por um dos maiores entalhadores portugueses, Francisco Pereira Campanhã.

Livraria Lello

Qualquer turista ou portuense se espanta. As filas perante à Rua das Carmelitas número 144, entre a Igreja dos Clérigos e a Praça dos Leões, são intermináveis. Elas se formam para entrar em uma das mais antigas livrarias portuguesas, também considerada uma das mais bonitas do mundo com sua icónica e sinuosa escadaria vermelha: a Livraria Lello. Ex-libris da cidade do Porto, em vias de ser classificada como Monumento Nacional e incensada por publicações de viagem e turismo internacionais, a Livraria fundada pelos irmãos José Pinto de Sousa e António Lello, em 1906, já esteve à beira da falência. Porém, em 2015, seus proprietários tiveram uma ideia que foi a salvação da empresa. Como havia um entendimento de que a escritora J. K. Howling, ex-moradora do Porto, havia se inspirado em suas instalações para alguns ambientes da saga Harry Potter – facto depois desmentido – a Livraria Lello passou a cobrar 5 euros dos visitantes. As vendas não só subiram como passaram a uma média de 1.200 livros por dia. E o número de acessos, em 2018, chegou a superar o um milhão de visitantes.

Igreja de São Bento da Vitória

A Igreja de São Bento da Vitória começou a ser construída em 1693. Entretanto, as obras de sua decoração prolongaram-se até o fim do século XVIII. Ela faz parte do Mosteiro de São Bento da Vitória, um Monumento Nacional dos mais magníficos na cidade do Porto. O Mosteiro ocupa parte da antiga judiaria e ficava localizado dentro das muralhas, à Porta do Olival, logo abaixo da Cadeia da Relação – hoje Centro Português de Fotografia. Começou a ser construído no final do século XVI, em estilo maneirista barroco, como uma marca da Congregação Beneditina Portuguesa e contou com projecto do arquitecto Diogo Marques Lucas, discípulo de Filipe Terzi. Os trabalhos tiveram início em 1604, mas só foram ser totalmente concluídos em 1728. A área nobre do edifício é o claustro, com uma área total de 595 m2.

Igreja de Nossa Senhora da Vitória

A Igreja de Nossa Senhora da Vitória cravada no Centro Histórico do Porto, com acesso pela Rua de São Bento da Vitória, também fez parte do movimento de ocupação católica da antiga Judiaria Nova, no Morro do Olival, e recebeu este nome para simbolizar a vitória da religião cristã sobre a judaica. As obras foram finalizadas em 1769, graças ao patrocínio do bispo Dom Frei António de Sousa e às esmolas dos fiéis. Durante a guerra civil entre os irmãos monarcas Dom Pedro IV e Dom Miguel conhecida como Cerco ao Porto, entre 1832 a 1833, a Igreja foi bastante danificada e em 1874 sofreu um incêndio, que afetou o altar. A escultura da Virgem do altar-mor é da autoria do escultor Soares dos Reis, exceto o rosto encomendado a um santeiro local.

Passeio das Virtudes

Escondido entre Miragaia e as traseiras do Palácio Da Justiça, mas de fácil acesso desde a lateral do Centro Português de Fotografia (a descer pela Rua do Dr. Barbosa de Castro), está uma das mais extraordinárias paisagens do Porto: a vista do Douro a partir do Passeio das Virtudes. Quase desconhecido pela maioria dos turistas, o Jardim é um ponto de encontro dos jovens portuenses nas tardes quentes de domingo. Eles vão em busca de desfrutar a vista panorâmica com uma bebida e uma boa prosa, espalhados pelo relvado ou pelos bares que circundam a região. Na verdade, o sítio é uma área recuperada pela Câmara Municipal, em 1998. Antes, era de propriedade da Companhia Hortícula Portuense. O Passeio das Virtudes possui ainda a maior Ginkgo Balboa de Portugal, com cerca de 35 metros. Ela está classificada como uma das maiores árvores da Europa e como de interesse público pela Direção Geral de Florestas.

Palácio de Cristal | Concha acústica

A Concha Acústica do Palácio de Cristal é uma construção atribuída a Tomás Soller, um anexo situado à Avenida das Tílias, eixo principal do parque, do lado direito do Pavilhão Rosa Mota, que hoje substituiu o antigo Palácio. A Concha faz parte dos Jardins do Palácio de Cristal um espaço repleto de rododendros, camélias, araucárias, ginkgos e faias, com fontes e estátuas. Mas ele é marcado por ter uma das mais emblemáticas vistas panorâmicas da cidade do Porto e do Rio Douro. A concha acústica como equipamento cénico, aberto para a plateia, foi construída para refletir o som dos instrumentos musicais para o público. Mas, nos Jardins do Palácio de Cristal, ela também desempenha uma função estética ao ser rodeada por esculturas femininas, encomendadas à fundição francesa Barbezat & Cie. O Palácio de Cristal foi construído para abrigar a Grande Exposição Internacional do Porto e inaugurado em 1865, no antigo campo da Torre da Marca, na freguesia de Massarelos. Foi demolido em 1951 e substituído pelo Pavilhão dos Desportos, hoje Pavilhão Rosa Mota.

Galeria da Biodiversidade

A Galeria da Biodiversidade – Centro de Ciência Viva foi inaugurada em 2017 e funciona na magnífica e antiga casa da escritora Sophia de Mello Breyner Andresen. Datada de finais do século XIX, ela está instalada na antiga Quinta do Campo Alegre – atual Jardim Botânico do Porto – um espaço com mais de quatro hectares. Trata-se do segundo polo do Museu de História Natural e Ciência da Universidade do Porto. Um sítio para o público ter experiências sensoriais ligadas à biologia, história natural e à biodiversidade em 49 instalações com recursos museográficos, multimídia e audiovisuais. Uma verdadeira viagem através da Ciência, da literatura e da arte.