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Simone Mazzer Brasil

“O desejo é sair do padrão – que está em todos os lugares, em todas as situações. Às vezes ocupando lugares que não deveria, levando pessoas a serem excluídas e marginalizadas, seja na estética, na moda, nas artes… E custa caro ser assim, fora de um padrão imposto pelo sistema global. A ideia era, de alguma forma, tocar nesse tema… Mais: quebrar, ao menos no disco, esse sistema tão limpinho”, defende a cantora e atriz Simone Mazzer, com propriedade.

O álbum é o “DEIXA ELA FALAR” (Biscoito Fino), lançado nas plataformas digitais em setembro de 2022 e quarto de uma carreira que perpassa as artes cênicas – Mazzer atuou por muitos anos na badalada Armazém Companhia de Teatro. Só agora o show do novo disco vai circular. A estreia no dia 30 de março no Teatro Rival Refit no Rio de Janeiro causou fortes emoções para o público presente, que saiu extasiado.

No palco, Mazzer se entrega à sonoridade que marca o disco, feita de arranhões, dissonâncias e timbres inusitados, que no disco ficou nas mãos do duo ANT-ART, formado pelos jovens Antônio Fischer-Band (teclados, synths e vocais) e Arthur Martau (bateria, violão, guitarra e vocais). No show a eles se juntarão Navalha Carrera (guitarra) e Paulo Emmery (baixo).

“É rock and roll, mas também é poesia pura com imagens contraditórias, um sambapsicodelicorockandroll, tudo isso e mais um pouco. Liberdade de criar, força para propor, vencer o cansaço e sorrir, é cabaré. É um antishow. É muita coisa!”, exulta Mazzer, antes de concluir: “Afinal, existe vida além do padrão”.

Simone Mazzer convidou dois “bichos do teatro” como ela, os atores e diretores Marcio Abreu e Patricia Selonk (ela, uma boa companheira de cena de muitos anos) para dirigirem o espetáculo. Na direção musical, está Arthur Martau e na direção de imagens, Thiago Sacramento. Esses quatro amigos, alinhados com toda equipe, criam o universo perfeito de “DEIXA ELA FALAR”.

É um grito de muitas, de muites, de muitos. Esta criatividade não está restrita ao campo das artes, ela se estende por todas as áreas do conhecimento humano, sejam empíricos, acadêmicos ou espirituais. O fluxo de ideias em todo o processo de criação sempre foi intenso, a vontade de fazer era imensa e a fundamental dedicação para a qualidade e o acabamento desse álbum e desse show, atual e provocador, é constante.

O show reúne o repertório completo do disco, entre elas a faixa-título, composta por Luiz Rocha e Lydia Del Picchia, “Mulheres Livres” (parceria de Mazzer com Bernardo Vilhena e Arthur Martau), “Conta Marinheiro” (Eduardo Dussek e Luiz Carlos Góes), “Corporal” (Ava Rocha) e os os clássicos setentistas “O Crime” (Capinan e Jards Macalé, gravado pelo MPB-4) e “Arrastão” (Edu Lobo e Vinicius de Moraes, sucesso na voz de Elis Regina).

“É um show diferenciado, com as canções do disco mesmo. Todas elas com as suas inovações melódicas, livres de conceitos sagrados, trazendo mudanças de ritmos e destronando regras. E, por outro lado, há clássicos e as letras não temem dizer o óbvio. O repertório tem uma dramaturgia atualíssima, portanto diversa – que pulsa esse nosso agora dinâmico e em frequentes e necessárias trans-formações”, pontua Simone Mazzer.

O parceiro Bernardo Vilhena não economiza nos elogios: “Simone Mazzer traz dentro de si a voz e a potência criadora da vida, uma cultura genética responsável por renovar o desejo e a capacidade de geração do novo ser. Do novo estar no mundo. Lançando novas ideias para um futuro mais humano, mais cooperativo, melhor”.

Para Marcio Abreu, o diretor, “Simone Mazzer é uma artista plural, um corpo político que ocupa a cena e leva, junto com ela, múltiplas vozes que dão a dimensão de sua arte. A atriz e a cantora são, de alguma maneira, indissociáveis. Simone encarna cada canção com as singularidades e potências específicas daquele mundo sonoro e poético. É como se habitasse aquele mundo-música e, quando ouvimos e vemos, não duvidamos dele. Ela afirma sua existência exuberante presentificando seu corpo cênico nos palcos e fazendo vibrar as estruturas musicais, rítmicas, narrativas e estéticas”.

Simone Mazzer
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